Utopia - O amor à escravidão


Sempre quando pensamos em evoluir pensamos em algo melhor, porém algumas pessoas que olharam para o futuro viram na “evolução” uma situação perigosa de domínio da liberdade individual por governos totalitários, todos esses governos sempre “lutando” em nome do controle social perante o caos que a sociedade poderia se tornar se viesse a crescer sem nenhuma forma de contenção. Uma dessas pessoas foi Aldous Huxley e, em seu livro Admirável mundo novo, ele mostra como seria essa sociedade que alguns dizem ser utópica, porém ao analisar a passagem “...o segredo da felicidade e da virtude: amarmos o que somos obrigados a fazer. Tal é a finalidade de todo o condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social de que não podem escapar”. Em Admirável mundo novo nasce o seguinte questionamento, será que os condicionamentos citados para embriões não estão sendo realizados em nossa sociedade pelo nosso modelo econômico e forma de consumo? Será que não estamos condicionando nossas crianças para que aprendam que a “felicidade” está no consumo? Já treinamos um ser-humano para que viva não com o intuito da realização pessoal, mas sim, para que busque ter condições de consumir mais e mais de tal forma que apenas o consumo a satisfaça? Será que a condição utópica do escravo que ama a sua escravidão já não é realidade em nossa sociedade?
Pense na grande maioria das pessoas, vivem somente para conseguir sobreviver. Trabalham pela manhã para conseguir comer à tarde, terceirizam a criação das crianças para os desconhecidos ou para as escolas, renegando muitas vezes uma educação familiar de princípios. Não fazemos isso voluntariamente, fazemos por necessidade de sobreviver neste sistema econômico e social.
E se falarmos de politica? Será que as pessoas “normais” que possuem família, casa, trabalho e estudo, conseguem se dedicar à politica? Jamais! E esta é a ideia, deixar que uns poucos (políticos) decidam o que acham ser melhor para a vida da maioria do povo e nós nem ao menos conseguimos perceber isso! Decidem sobre como deve ser o modelo educacional, o sistema de saúde, a segurança e chegam até a nossa liberdade individual, porém a rotina não nos permite perceber que tais coisas estão ocorrendo e normalmente quando a vemos já é tarde demais ou estamos ocupados demais para fazer algo!
Talvez a utopia do escravo que ama a sua escravidão não esteja tão longe (se é que ela já não chegou), nós estamos vivendo neste sistema que nos escraviza não permitindo que possamos tomar conta de nosso futuro, nos obrigando a sobreviver neste sistema, porém amamos a “liberdade” de comprar e consumir, mesmo que isso signifique entregar a liberdade de criar nossos filhos mais próximos de nossos valores, de uma alimentação mais saudável e não industrializada, nossa liberdade de admirar o simples e gratuito. Infelizmente sem perceber entregamos as demais liberdades em troca de uma escravidão do consumo!

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