Ciclo da vida medíocre

“Nasciam, cresciam pelas sarjetas, começavam a trabalhar aos doze anos, aos trinta chegavam a meia idade, em geral morriam aos sessenta. Trabalho físico pesado, cuidados com a casa e os filhos, disputas menores com os vizinhos, filmes, futebol, cerveja e, antes de mais nada jogos de azar, preenchiam os horizontes de suas mentes”.  – George Orwell
Quando leio este tipo de pensamento em um livro publicado em 1949, ou seja, a 64 anos atrás eu percebo que talvez o mundo não tenha mudado tanto quanto querem que nós acreditemos. Talvez a ciência e a tecnologia tenha tido uma evolução como nunca antes em nossa história, porém será que nossa sociedade evoluiu no mesmo ritmo? Será que as vidas das “pessoas comuns” mudaram no mesmo ritmo?
Ao refletir sobre a vida média ou medíocre (não entenda isso como uma crítica) me vem à mente se a vida mudou de verdade. Será que nossa sociedade em geral, a grande massa populacional continua a realizar o trabalho físico pesado para ter seu “ganha pão”? Continua a voltar para a casa depois de um dia de trabalho para sua segunda jornada, tentar cuidar dos filhos? E talvez nos outros poucos momentos da vida, a única alternativa que lhe resta para “viver” seja uma cerveja com os amigos ou então a única esperança para mudar definitivamente, arriscar uns poucos trocados em busca do sonho da boa vida, jogos de azar, loterias, e dinheiro fácil preenchem a sua mente no afã de talvez um dia sair deste ciclo. Já que a mídia sempre lhe mostra que existe esta outra vida, vida de pessoas “belas”, ótimos carros, prazer, glamour ou apenas uma simples sensação do viver sem a preocupação do dinheiro que lhe é tão comum.
Mas como é que nós seres comuns conseguiríamos nos libertar deste ciclo de trabalho e ilusão e mudar nossa realizada, ou melhor, mudar a realidade do mundo? O problema não é a cerveja, o futebol, a vida com os filhos e os outros prazeres. O problema é viver alienado e não conseguir ver que a vida poderia ser muito melhor se não nos fosse roubado o direito de algumas coisas básicas (liberdade). Porque acreditem, a vida desde seu início sempre tende ao equilíbrio e se alguns estão trabalhando tanto para receber pouco, em algum lugar ou momento existem outros trabalhando pouco e recebendo muito. Mas para isso talvez o nosso próprio Winston do romance “1984” já nos tenha dado a resposta:

“Enquanto eles (o proletariado) não se conscientizarem, não serão rebeldes autênticos, e enquanto não se rebelarem, não tem como se conscientizar”.

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